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Lula e a democracia venceram o autoritarismo

Por Marcos Rocha, Diretor da Fábrica de Imagens.





Lula venceu a eleição presidencial por uma diferença percentual de 1,8% e numérica de 2.139.645 votos. Lula e a democracia venceram. Bolsonaro e o autoritarismo perderam. E se engana quem avalia que a margem curtíssima de votos tira ou mesmo embota, minimamente, o brilho, a potência e o significado dessa vitória... a vitória de um Brasil que elogia a igualdade, a justiça, a liberdade, a esperança e amor.


Esse Brasil que sai vitorioso das urnas, é fundamental que se reconheça isso, sai por conta de Lula e sua capacidade política ímpar de articular e de mobilizar. Lula conseguiu construir uma frente ampla como nunca antes vista na história desse país; uma frente política que incluiu críticos e adversários históricos para, mais que disputar e vencer as eleições, para ultrapassar a miséria política criada e potencializada pelo ainda presidente do nosso país.


Se por um lado não se pode tergiversar sobre a centralidade de Lula em todo esse processo e que, muito provavelmente, ele fosse a única personagem capaz de derrotar Bolsonaro, por outro lado não se pode deixar em um patamar abaixo sequer a consciência histórica dessas pessoas que, mesmo não alinhadas em princípio com Lula e com o PT, entendendo o momento crítico que passamos e em defesa da democracia, fortaleceram essa frente política gigante construída para extirpar o tumor do fascismo do nosso país. E aqui cito pelo menos três dessas lideranças, dentre dezenas, centenas de outras: Geraldo Alckmin, Marina Silva e Simone Tebet. Retirado o tumor, agora é tratar o que esse tumor deixou de ruim, de doentio na sociedade brasileira e vigiar para que ele não retorne.


Não fora essa ampla articulação, junto com a força política sedimentada de Lula e do PT e a militância incansável de petistas e não petistas, a vitória teria sido mais ainda ameaçada. O que o Brasil democrático teve de enfrentar para vencer essa eleição não tem precedentes na nossa história. O Brasil democrático teve de superar a máquina não só do governo, mas do próprio Estado brasileiro e as mentiras, assédios e violências da campanha de Bolsonaro e aliados e aliadas.


Enfrentamos o assédio eleitoral por parte de empresários. Foram pelo menos 2481 queixas registradas e 1895 empresas denunciadas. Enfrentamos o assédio religioso que explorou politicamente a fé de milhões de fiéis em milhares de igrejas por todo o país, principalmente as de denominação evangélica, satanizando, literalmente, o presidente Lula. Enfrentamos ainda uma poderosíssima e violenta máquina de produção e disseminação de mentiras montada para destruir Lula política e pessoalmente, com atuação prioritária no ainda pantanoso mundo das redes sociais. Mas a violência e beligerância do atual presidente, seus seguidores e seguidoras, não foi enfrentada somente nas redes sociais, mas nas ruas também. Ao longo de todo processo eleitoral pessoas foram ameaçadas, agredidas e mortas por, simplesmente, declararem voto em Lula.


Em todos esses eixos da campanha de Bolsonaro a coação, a intimidação, o medo, a mentira e o ódio foram elementos meticulosamente articulados, sistematicamente produzidos e maciçamente disseminados, em níveis jamais vistos, servindo como arma política tão poderosa quanto perversa, degradante e desagregadora do tecido social, para a garantia da reeleição do atual presidente.


Enfrentamos também a mão pesada da máquina do governo em conluio com sua base no Congresso Nacional que produziram o orçamento secreto (da ordem de 20 bilhões de reais em 2022) - a chamada PEC Kamikaze, estimada em 41 bilhões de reais e criou um fictício estado de emergência para driblar leis orçamentárias e eleitorais a menos de três meses da eleição, viabilizando medidas como o Auxílio Brasil de 600 reais, além do vale-gás, bolsa-caminhoneiro e auxílio-táxi, dentre outras medidas, todas estas previstas para serem encerradas ainda em dezembro de 2022, o que denota sua flagrante tônica eleitoreira. Além disso, houve outras medidas dirigidas à população de mais baixa renda, como a antecipação de pagamentos e autorização de empréstimo consignado para beneficiários do Auxílio Brasil, a autorização do uso do FGTS futuro para a compra da casa própria no Programa Federal Casa Verde Amarela e a contenção de aumento dos combustíveis antes do pleito eleitoral.


Mas não parou por aí.


Enfrentamos também o uso da máquina do Estado brasileiro, cujo o mais paradigmático exemplo foi a atuação da Polícia Rodoviária Federal, em operação desproporcionalmente intensa e inusual concentrada na região Nordeste, grande trunfo eleitoral de Lula, que desobedecia as determinações do Supremo Tribunal Federal, criando obstáculos à circulação de eleitores e eleitoras em sua esmagadora maioria apoiadores e apoiadoras de Lula.


Nesse contexto, o Brasil democrático ter obtido maioria frente ao Brasil autoritário, fascista e golpista e ter eleito Luiz Inácio Lula da Silva como nosso presidente, foi um fato político que ficará gravado em destaque na história desse país. Ficará gravado também na memória, nos corpos e nos corações de todas, todes e todos que vivemos esse tempo... de todas, todes e todos que sofreram, angustiaram-se, sentiram medo ou mesmo adoeceram mas, que de algum modo, movidos por uma ética do coletivo, do bem comum, por princípios democráticos e por muito amor, coragem, esperança e senso de justiça, seguiram e construíram a vitória com Lula.



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