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Feminismos, sororidade e amizade

Por Taiane Alves taianealveslima@gmail.com Integrante da Coordenação Socioeducativa da ONG Fábrica de Imagens


Artigo para o Jornal OPovo do dia 30 de janeiro de 2016, em alusão aos 18 anos da ONG Fábrica de Imagens.

Pensar em práticas e epistemologias feministas na atual conjuntura é refletir qual sentido queremos agregar, enquanto coletividade, a nossa luta cotidiana no combate aos machismos e suas aglutinações do mundo capitalista. Faço tal consideração frente aos constantes ataques pelos quais os movimentos feministas vêm passando, como o não reconhecimento das suas contribuições históricas, além da perpetuação de um pensamento reducionista que o descaracteriza enquanto polo emancipatório, tachado apenas como um simples campo contrário e de objeção aos homens.


Se hoje podemos falar sobre a participação das mulheres na ordem pública, sobre diretos sexuais, reprodutivos e tantas outras pautas que foram levantadas pelos movimentos feministas e de mulheres, é devido, sobretudo, a quase um século de articulações feministas e de mulheres que deram suas vidas por acreditarem em algo maior, ou seja, em práticas de sororidade, liberdade e emancipação.


Os movimentos feministas, quando levantam suas bandeiras por liberdade e pela possibilidade de nos reconstruirmos enquanto mulheres, estabelecem práticas que a historiadora Margareth Rago coloca em seus escritos como sendo a criação de novos valores éticos, tais como a amizade, a solidariedade e a justiça social. Esses valores vão na contramão do mundo capitalista, que reforça a competição, a desigualdade e a injustiça.

Dessa forma, acredito na necessidade de eu, enquanto mulher, afirmar-me cotidianamente feminista, sabendo que os caminhos pelos quais percorro foram erguidos pela força e ousadia de mulheres que pensaram para além de suas individualidades e de seus tempos. É a partir desse pensamento que afirmo a importância dos feminismos como instrumentos de construção, afirmação, autonomia e emergência de novas epistemologias que tenham por objetivo a interseccionalidade e a libertação de todas as opressões.


É dentro dessas colocações que falo da importância da ONG Fábrica de Imagens como espaço de promoção da equidade de gênero e de práticas feministas ao longo desses 18 anos. Seu impacto é demonstrado a partir de suas ações cotidianas, de formação e de ações específicas tais como o Curta O Gênero que impulsionam, por meio de múltiplas linguagens, a mudança de mentalidades. Em 2016 vamos para sua 5ª edição, agregando ainda mais debates e reflexões.


Por fim, a partir do pensamento de Simone de Beauvoir, que foi bastante debatido ao fim de 2015, “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”, reforço que ninguém nasce feminista, todavia tem a oportunidade de se somar à luta!


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