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Meninas não são mães, são apenas meninas

Amanda Lima, Socióloga, Ilustradora, Social Media, Ativista pelo Greenpeace Fortaleza e integrante da Fábrica de Imagens – ações educativas em cidadania e gênero


“Você suportaria ficar mais um pouquinho?”

Essa foi a aterrorizante pergunta de uma juíza, em Santa Catarina, para uma criança de apenas 11 anos que engravidou por estupro.


Insistindo em uma gravidez resultante de violência sexual, juíza e promotora incentivaram a criança a seguir com a gravidez - mesmo que esta e sua mãe se manifestassem contra.


Afirmando que permitir o aborto seria "uma autorização para homicídi0", a juíza Joana Ribeiro Zimmer aponta que o Ministério da Saúde só autoriza abortos em casos onde a gestação não passe de 22 semanas e desconsidera, naquele momento a saúde física e emocional da vítima.


A insistência em manter a gestação e em entregar o bebê para adoção, o referir-se ao abusador como "pai do bebê" e a desconsideração da situação em questão com um estrupro mais parecem cenas de um filme de terror psicológico.


Além de tudo, a menina de 11 anos (cuja gravidez iniciou quando tinha apenas 10 anos) está mantida em abrigo para evitar que o aborto aconteça.


Diante de tudo isso, como fica a saúde dessa criança?

De acordo com o hospital que atendeu a menina, a gestação traz riscos como anemia grave, pré-eclâmpsia, maiores chances de hemorragias e de histerectomia – a retirada do útero, uma consequência irreversível para uma criança vítima de violência.


Em um país cujos "valores da família" vão acima de tudo, quem protegerá esta criança?

Onde entram "a moral e os bons costumes" na hora de cuidar de uma criança, vítima de violência sexual, cuja saúde física e mental encontram-se completamente vulneráveis?


Estupradores não são pais, são o resultado de um Estado que fecha os olhos para a cultura do estupro, deixando suas crianças desprotegidas.

E meninas não são mães, são apenas meninas.

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