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18 anos em luta por direitos

Por Christiane Ribeiro Gonçalves chrisrgoncalves@gmail.com Psicóloga e diretora da Fábrica de Imagens



Artigo para o Jornal OPovo do dia 30 de janeiro de 2016, em alusão aos 18 anos da ONG Fábrica de Imagens.

Muitas das pessoas que passaram e passam cotidianamente pela Fábrica de Imagens, contribuindo diretamente ou participando das diversas ações (processos formativos, seminários, mostras audiovisuais, dentre outras), acabam tornando-se ativistas com uma perspectiva comum: a luta pelos direitos humanos.


É inconcebível pensar em uma efetivação desses direitos, no seu aprofundamento e na sua capilaridade, sem priorizar uma educação em direitos humanos que atinja esferas formais e informais de ensino, bem como políticas de cidadania e segurança, de comunicação e de cultura.


A Fábrica de Imagens abraçou esse desafio. Um dos exemplos é a realização do Seminário Outros Olhares – educação em direitos humanos. Desafio árduo em um país que assiste ao crescimento de fundamentalismos morais e religiosos, os quais colocam em risco inúmeros avanços alcançados, retrocedendo nas discussões sobre direitos humanos, gênero, diversidade sexual e impulsionando uma onda de discursos de ódio.


Conforme o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, lançado em 2003, “o Estado brasileiro tem como princípio a afirmação dos direitos humanos como universais, indivisíveis e interdependentes e, para sua efetivação, todas as políticas públicas devem considerá-los na perspectiva da construção de uma sociedade baseada na promoção da igualdade de oportunidades e da equidade, no respeito à diversidade e na consolidação de uma cultura democrática e cidadã”.


No entanto, onde está a efetivação dessas políticas públicas, dessa democracia? Vê-se, sim, preconceitos e discriminações contra negros e negras; estigmatização de pessoas com HIV/aids; intolerância religiosa principalmente com as religiões de matrizes africanas; mulheres assassinadas por seus companheiros e vítimas de violências diárias, simbólicas ou físicas; a homofobia não ser considerada crime; a redução da maioridade penal apresentada como solução possível para a diminuição da criminalidade. Em 2015, os planos de educação municipais e estaduais seguiram na contramão do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, ao retirarem as discussões sobre gênero e diversidade sexual, após pressões políticas das bancadas fundamentalistas dos nossos legislativos.


Batalhas são constantes, mas com outras ONGs, movimentos sociais e redes resistimos, impulsionados/as pelo desejo de promover ideias e práticas afirmativas no campo dos direitos, do gênero e da diversidade.


A Fábrica de Imagens chega aos 18 anos. Agora, como uma jovem ousada, é do mundo, da sociedade, do meu filho, do seu filho, da sua filha, é nossa e é de todos e todas que acreditamos num país mais justo, digno, equânime, solidário e com mais respeito aos direitos humanos.


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